MANUEL HENRIQUES RODRIGUES, O HOMEM DO QUARTEL-SEDE: VULTO GRANDE DA ASSOCIAÇÃO

Manuel Henriques Rodrigues (em primeiro plano, à esquerda)
no dia da inauguração da 1.ª Fase do Quartel-Sede - 1964
Foi um dirigente singular, de personalidade vincada, de pendor porventura autocrático, mas reconhecidamente humanista e fortemente preocupado com o "social".

A ele se deve, fundamentalmente, o esforço ímpar da construção do Quartel-Sede e o início das actividades administrativas da Associação.

Sem o seu querer, o seu pundonor e o seu dinamismo, dificilmente a Obra teria sido edificada.

Pessoa simples, não dispondo de fortuna financeira pessoal, soube arrostar com dificuldades, tornear obstáculos e enfrentar situações extremas que, porventura, teriam feito recuar outros mais timoratos.

Do seu esforço para dotar a Associação com os suportes que outros, mais tarde, vieram a consolidar, a ampliar e a melhorar, todos devemos ter orgulho.

Mas quem foi, efectivamente, Manuel Henriques Rodrigues?

Associado n.º 106, foi admitido em 14 de Abril de 1948. Entrou para os corpos gerentes em Janeiro de 1961, com 44 anos, como presidente da Direcção, mantendo-se em mandatos anuais sucessivos nesse cargo até 16 de Maio de 1974, altura em que renunciou à função alegando saturação e cansaço decorrentes de 13 anos seguidos de labor e de luta, mas objectivamente por entender que os Estatutos então em vigor corriam o risco de vir a ser desvirtuados por forças que não conseguiu ultrapassar.

Manuel Henriques Rodrigues nunca foi um político de cariz partidário, no sentido corrente do termo, mas antes um homem de convicções firmes e determinado, servidor do humanismo social, cuja formação e ocupação profissional (escriturário da estrutura de coordenação económica do Regime deposto pelo movimento do 25 de Abril, pertencente ao quadro do funcionalismo da Junta Nacional da Marinha Mercante) lhe emprestaram um cunho algo ditatorial, nem sempre compreendido pelo Comando do Corpo de Bombeiros, mas amplamente justificado pela finalidade que se propôs: a edificação do Quartel-Sede, incluídas nele instalações clínicas, administrativas e outras para actividades lúdicas e recreativas.

No reconhecimento dos seus indiscutíveis méritos, a Associação, em Junho de 1985, no seu único Congresso realizado até hoje proclamou Manuel Henriques Rodrigues ASSOCIADO HONORÁRIO e, mais tarde aquando do seu falecimento ocorrido em 6 de Novembro de 1993, as instalações do Quartel-Sede, a si devidas, voltamos a referir, fundamentalmente mais do que a ninguém, acolheram em câmara ardente, com as honras adequadas do Corpo de Bombeiros, os seus restos mortais.

Com MANUEL HENRIQUES RODRIGUES cumpriu-se o dizer do Poeta: "Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce!".

Que os Novos atentem no dinamismo, na determinação e no humanismo social de Manuel Henriques Rodrigues, altos expoentes do quadro de referências da Associação!


Rui Machado*


Nota:

*Qualificado Dirigente, ex-Vice-Presidente da Direcção e ex-Presidente da Mesa da Assembleia Geral, falecido em 2006.
Texto publicado no ex-Boletim Informativo da Associação dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém, "Servir" (N.º 23, Novembro/2000), a cujo Conselho de Redacção Rui Machado também pertenceu, conjuntamente com Luís Miguel Baptista (Vice-Presidente da Direcção e Coordenador do mesmo Conselho), Jorge Trigo (Presidente da Mesa da Assembleia Geral) e Herculano Silva (Tesoureiro). 
Com a transcrição do presente artigo, passados 43 anos sobre a inauguração oficial do Quartel-Sede (11 de Julho de 1971 - 11 de Julho de 2014), prestamos a nossa dupla e sentida homenagem a MANUEL HENRIQUES RODRIGUES e a RUI DAS NEVES MACHADO, curvando-nos respeitosamente perante as suas memórias.